por Renata Bernhoeft
"Pense rápido. Qual o principal legado que você irá deixar para seus filhos? Cultura? Educação? Patrimônio? Sem dúvida isso tudo é importante. Mas talvez o bem mais precioso – e, mais do que isso, permanente – a ser transmitido sejam os valores familiares. A médio e longo prazos, eles incrementam a capacidade de os herdeiros descobrirem seus próprios caminhos e suas fontes de realização pessoal, além de ampliarem seus horizontes e, por tabela, as chances de preservação de bens tangíveis e duráveis. Para tanto, porém, é preciso semear – e cultivar – atitudes que facilitem a continuidade desses princípios. Uma delas consiste em tratar os fatos com abertura e transparência. Outra: saber ouvir e responder perguntas, mesmo as mais difíceis, de uma maneira honesta. Atuar de forma consistente com aquilo que se diz, evitar mensagens incongruentes e participar ativamente da vida dos filhos de modo assertivo e acolhedor também ajuda, e muito, na construção de conceitos, que se consolidam a partir de experiências práticas. O objetivo final, é bom lembrar, não é ter filhos ideais e sim ajudá-los a alcançar seus próprios ideais. “Torna-te o melhor que podes ser”, já dizia Nietzsche, o filósofo. É justamente no âmbito da família – uma entidade dinâmica e complexa que se altera e evolui no decorrer dos anos – que nos damos conta de quem realmente somos, até onde poderemos chegar e como nos posicionamos em relação aos outros. O problema começa quando, em função da uma sociedade pautada pela crescente inversão de papéis, a hierarquia familiar é colocada em xeque, o que muitas vezes incorre na ausência de poder e de limites das novas gerações, tão necessários para o desenvolvimento humano. Diante disso, é fundamental determinar quais decisões cabem aos pais e até que ponto devem caminhar as negociações com os filhos. Ser firme, mas de maneira carinhosa, mantendo seus valores e suas crenças: eis o que se espera de pais conscientes de seu importante papel de orientadores e educadores.”
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