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UMA EMPRESA EM CONSTANTE MOVIMENTO

Distribuidora Multigiro se dedica à estruturação de governança para manter coesão da segunda geração e consolidar sua expansão por novos mercados

Fundador da distribuidora Multigiro, Diógenes Cunha é conhecido pela proximidade que mantém com os colaboradores. “Fazemos festas de São João, Natal, churrasco quando as metas são atingidas. Gostamos de comemorar os êxitos”, conta. E não poupa esforços para que isso aconteça. “Gosto muito de visitar clientes com intuito de ver as oportunidades em loja, registrando sempre que possível com fotografias para mostrar à equipe pontos de melhorias e também para elogiar o que está bem feito. Não é para pressionar. É que, quando a gente pega gosto por fazer bem-feito, a tendência é sempre melhorar”, explica.


Essa atitude, Diógenes diz ter herdado do pai, Elias de Azevedo Cunha. “Ele sempre gostou de tratar bem seus colaboradores”. A honestidade foi o maior legado deixado pelo pai, que representa a raiz do espírito empreendedor. Uma história de crescimento e dedicação.


Nunci (Ma Anunciada) e Elias tiveram quatro filhos. O patriarca sempre incentivou os estudos dos filhos. “Como ele não teve oportunidade, sempre fez questão de colocar os filhos em bons colégios. E dizia que teríamos duas formaturas: uma na faculdade e outra na empresa”, recorda Diógenes. À exceção da filha, que enveredou pela área de bioquímica, Diógenes e os irmãos fizeram Contabilidade, Administração e Economia e cuidaram das áreas Financeira, Logística e Comercial respectivamente.


Quando já estavam os três trabalhando na empresa, Elias não escondia uma preocupação: “Ele dizia que tinha medo ‘deste barco ficar muito pesado no futuro. Vocês vão casar, ter não sei quantos filhos, vem tudo aqui para dentro e em pouco tempo começa a briga entre vocês’. Ele acreditava que cada um deveria ter o próprio negócio”, conta. Do ponto de vista dele, parecia ser a melhor receita para conduzir sua sucessão.


Surge a oportunidade

A premissa de cada um seguir seu caminho empresarial até aconteceu, não pelo temor de Elias, mas por uma oportunidade detectada por Diógenes. Ao entrar na sala do pai, durante uma reunião com um representante de uma indústria de chocolates, ouviu a proposta para montar uma distribuidora em João Pessoa (PB).


A ideia da Indústria não seduziu o pai nem o irmão mais velho, mas serviu para influenciar o filho mais novo para essa oportunidade. Diógenes – já casado, com dois filhos pequenos e um terceiro a caminho – vislumbrou o negócio. “Eu estava na área financeira, mas sempre gostei muito da área comercial. Quando o gerente saiu, pensei: ‘Isso é uma oportunidade de a gente crescer’. No dia seguinte, fui à casa de meu pai conversar sobre a ideia. Era uma quinta-feira. Na segunda, já estava em João Pessoa procurando um local para alugar”, relata.


Com o estoque inicial fornecido pelo pai e uma frota de quatro veículos para as entregas, Diógenes abriu, em 04 de setembro de 1995, a Disbombons ( Multigiro Distribuidora ). Com cinco meses de atividades, sofreu um revés: a empresa foi assaltada durante o Carnaval. “Roubaram praticamente tudo, os produtos de maior giro e até os computadores.” Com tão pouco tempo de operação, Diógenes chegou a arrumar as malas para voltar a Natal, a pedido dos pais. Na última hora, ao ver a esposa chorar no quarto, resolveu ficar e remontar o negócio.

Daí veio a coragem e determinação de seguir em frente com o projeto e pensou: “eu não fiz nenhum mal a ninguém, porque que tenho que ir embora?”.


Com o apoio incansável de toda família, quase que diariamente o irmão Elias Filho ligava e perguntava se estava tudo bem e se estava precisando de alguma ajuda, de saúde ou financeira. Meus pais e irmãos sempre diziam:“Se resolver voltar, seu lugar está aqui na empresa para continuar como era antes”. Isso me dava segurança de que minha nova família recém-criada não estaria em apuros. Vamos arregaçar as mangas e trabalhar. De lá para cá, foi só crescimento e desenvolvimento”, diz.


Ele atribui o bom desempenho a fatores como o controle minucioso de despesas, o investimento em pessoas e tecnologia, e a eficiência na logística. “Sempre houve um compromisso para que os clientes recebessem os produtos no prazo combinado. Com isso, fomos conquistando cada vez mais credibilidade no mercado”, conta. Diógenes e Gislene tiveram três filhos, que passaram a ter mais interesse de começar a trabalhar na empresa na época da graduação. “Eu os deixei à vontade. Eles começaram devagarinho e foram se desenvolvendo aqui dentro.”


Empresa sempre presente

O filho Renan relata que a Multigiro começou a fazer parte da vida da segunda geração ainda na infância. “Sempre tivemos contato com a empresa, indo quando criança, brincando com as caixas etc. Sempre fomos incentivados a trabalhar na empresa da família como um meio seguro de ser bem-sucedido. No meu caso, nunca pensei em outro caminho profissional, mas sim em ter outros tipos de investimento.”


Ao ver que o caminho dos filhos estava atrelado ao da empresa, Diógenes considerou que era hora de uma conversa sobre o futuro. Ressabiado com a imagem do barco pesado e com o que via em outras empresas, decidiu se aprofundar no tema, como forma de encaminhar sua continuidade de maneira estruturada. “Fiz alguns cursos e decidimos iniciar um projeto mais assertivo.”


Renan confirma que a imagem do barco pesado, tantas vezes citada, pairou sobre a segunda geração. “Naturalmente isso fica em nossa mente. Nunca conversamos sobre a possibilidade de isso acontecer com o nosso núcleo, mas o exemplo familiar de empreender individualmente é bastante forte na família. Após vermos vários exemplos de sucesso, foi que realmente ficamos convencidos que seguiríamos como uma família empresária”, conta.


Cada irmão iniciou seu desenho de projeto de vida. Formados em Administração, com o apoio da mãe Gislene, decidiram permanecer unidos. “Juntos eles podem ficar muito mais fortes. Se eles se separassem, iam começar com um pedaço muito pequeno para cada um”, explica Diógenes. O filho Daniel cuida da área de compras e Renan é responsável pelo trade. O mais novo, André, por uma decisão de carreira, decidiu fazer pós-graduação em finanças em São Paulo e adquirir a experiência de trabalhar em outra empresa.


A família sabe que a necessidade de mudar requer novas atitudes. “De um tempo para cá estamos nos preocupando com a parte de formação. A cultura da família sempre colocou o trabalho no primeiro plano e a formação em segundo. Nunca levamos os estudos totalmente a sério até nos formarmos. Após isso, fomos vendo a importância e passamos a nos qualificar com cursos de MBA e treinamentos”, conta Renan.


Em 2018, a família começou a elaboração do protocolo societário. “Eles estão bem atentos aos detalhes, que é justamente para não ter problemas futuros. Está tudo sendo feito com transparência”, observa Diógenes “Eles já sabem que não são obrigados a trabalhar na empresa, podem ser apenas sócios. A governança é importante porque, qualquer que seja a escolha, o terreno está preparado. Eu até me surpreendi com um deles dizendo: ‘Pai, se aparecer alguém mais capacitado do que eu, não tem problema ele entrar no meu lugar’. Por isso é importante deixar o modelo desenhado, para não ter problema.”


Os irmãos têm feito reuniões periódicas com registro em atas. Renan estima que a estruturação da governança esteja em 20%. “Estamos delegando nossas funções e atribuindo políticas de atuação para que os setores dependam mais do processo do que de uma determinada pessoa”, explica. “Vemos uma grande importância em estruturar a governança para estabelecer padrões mais profissionais nas tomadas de decisões, de forma equilibrada, considerando diversos pontos de vista. A governança é o principal guia para manter uma sociedade ativa, com engajamento, e evitar ou minimizar fatores indesejáveis.”




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